domingo, 25 de setembro de 2016

O santo que fugiu de casa - Parte II

Corpo para um lado, cabeça para outro! Era uma vez um Benedito!
E a cabeça ainda esfacelou-se em vários pedaços.
- Jesus! Maria! José! O que será de mim agora? Dona Nicinha quando souber que quebrei a cabeça do santo dela, vai arrancar a minha fora!!
Noca sentia como se fosse para o matadouro! Era o fim de sua vida. Dona Nicinha gostava demais daquele santo, ela estava frita, cozida e assada!!
Por sorte dona Nicinha estava fora, tinha ido para a cidade comprar alguns tecidos.
Noca juntou os cacos do pobre Benedito, enrolou em um jornal e guardou no armário da cozinha, na parte mais alta, atrás da lata de farinha.
A pobre mal conseguia terminar seus afazeres, de tanto que chorava.
Foi quando Maria Cândida chegou da escola. Deu um susto em Noca, como era costume seu fazer, e logo lhe deu um abraço.
Noca não se mexeu. Só fazia chorar.
- Noquinha, o que foi? Por que você tá chorando?
Candinha, como era chamada desde criança, era muito apegada à Noca. Cresceu sozinha com ela. Seu pai sempre fora, com suas atividades políticas e sua mãe dedicada às obras religiosas.
- Fo-o-o-o-i o Benedito.
Noca falou e logo voltou a chorar.
- Que Benedito, mulher? Quem é esse? E teu marido já?
-Menina, num fala “blasfêma”! Benedito é o santo! O neguinho de sua mãe!
Era assim que dona Nicinha se referia a ele.
- O que tem o santo?
- Eu quebrei ele...
E Noca desabou a chorar de novo.
Candinha abraçou Noca e disse:
- Calma Noquinha! Não fica assim não! Nós vamos dar um jeito!

Continua...





Nenhum comentário:

Postar um comentário