segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O Santo que fugiu de casa - Parte IV

Carta

Estimada Dona Nicinha,
Desculpe-me.
Não me leve a mal, mas nossa relação já estava um tanto desgastada, e eu achei melhor partir.
(O coração de dona Nicinha quis parar, mas ela continuou a ler.)
Eu já conheço todos os seus pedidos, suas aflições e seus pecados. A senhora já estava muito repetitiva! Eu não preciso mais ouvir.
E tem mais, daí de cima dessa mesa, não tinha mais como eu pudesse lhe ajudar. Estou indo embora para ajudar outras pessoas que também precisam de mim.
Não esquecerei de seus pedidos. Estou indo resolvê-los. Tenha fé que vai dar tudo certo!
Fique em paz!
Ah, e apague essas velas, porque essa cidade já é quente, com essas velas acessas dentro de casa, não tem santo que aguente de calor!
Fui!
P.S – Não vou chorar, porque Santo não chora!

Dona Nicinha estava atônita. Quis sentir-se traída, mas tentava entender o que tinha dado em Benedito.
De repente, ela limpou as lágrimas, foi até o oratório vazio e apagou todas as velas, e então disse de forma rude:
- A partir de hoje estão todos proibidos de tocar no nome desse Santo fujão!!!



Continua...

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