Carta
Estimada Dona Nicinha,
Desculpe-me.
Não me leve a mal, mas nossa
relação já estava um tanto desgastada, e eu achei melhor partir.
(O coração de dona Nicinha quis
parar, mas ela continuou a ler.)
Eu já conheço todos os seus
pedidos, suas aflições e seus pecados. A senhora já estava muito repetitiva! Eu
não preciso mais ouvir.
E tem mais, daí de cima dessa
mesa, não tinha mais como eu pudesse lhe ajudar. Estou indo embora para ajudar
outras pessoas que também precisam de mim.
Não esquecerei de seus pedidos.
Estou indo resolvê-los. Tenha fé que vai dar tudo certo!
Fique em paz!
Ah, e apague essas velas, porque
essa cidade já é quente, com essas velas acessas dentro de casa, não tem santo
que aguente de calor!
Fui!
P.S – Não vou chorar, porque
Santo não chora!
Dona Nicinha estava atônita. Quis
sentir-se traída, mas tentava entender o que tinha dado em Benedito.
De repente, ela limpou as
lágrimas, foi até o oratório vazio e apagou todas as velas, e então disse de
forma rude:
- A partir de hoje estão todos
proibidos de tocar no nome desse Santo fujão!!!
Continua...
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