sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Espelho de Mim

Quebrando o protocolo, resolvi lançar o quadro Espelho de Mim antes do previsto, para fazer um carinho a duas amigas especiais que estão passando por um momento difícil com sua mãezinha. 
Meninas, recebam meu abraço, em forma de palavras.



Duas irmãs maluquinhas

(Com carinho para Adelaide Feitosa e Maria José)

Quem as vê hoje, como empresárias de sucesso, não imagina o caminho que trilharam.
Conheci as duas ao mesmo tempo, sim elas andavam sempre juntas. Durante muito tempo até achei que fossem uma só pessoa, tipo Zezé de Camargo & Luciano e Chitãozinho & Xororó!
Minha irmã Alcibele era cliente delas. Minha irmã ainda trabalhava no Colégio Amazonas. Lembro nitidamente do dia que as conheci. Elas andavam de carro, levando roupas na sacola para vender.
Eu não sabia pra qual das duas olhava. Eram uma mais engraçada que a outra! Maria José tinha um sotaque diferente e Adelaide falava como uma rapidez que me deixava atônita. Tudo que elas falavam era engraçado. Eu ria o tempo inteiro. Falei pra minha irmã: 
- Como elas são doidas né!?
Doidice maior foi a Maria José abrir crédito pra mim! Eu não tinha nem 15 anos!! Minha única renda era o troco da compra do mês no supermercado, que eu ficava pra mim. (Minha mãe pensava que se deixasse duas peças de roupa dentro do armário e apagasse a luz elas iam procriar! Não me dava dinheiro pra nadinha! )
Mas mesmo lisa, eu tinha um nome na caderneta! Não tinha nem CPF! Pense numa coragem!
Honrei meus pagamentos como minha vida! Não podia decepcionar uma pessoa que me deu tanta credibilidade!
Esperava pelo momento de pagar minha conta com ansiedade. Eram minutos de conversa que não tinham preço.
Um dia Maria José contou que um de seus parentes tinha uma lanchonete. E pediu que ela ficasse no balcão enquanto ia resolver alguma coisa. Ela ficou.
Chegou um cliente e pediu uma fanta uva “para levar”. Nessa época só tinha refrigerante em embalagem de vidro, aí “para levar”, significava colocar o líquido dentro de um saco plástico com um canudinho.
Ela pegou, colocou o refrigerante no saco, colocou o canudo e deu uma chupada nele e entregou pra pessoa. Kkkkkkkkkkkkkkkkkk... 
Pode isso Arnaldo? 
Ela pensou que estava na casa dela, colocando refrigerante para alguém da família!
Ela disse que a pobre da cliente ficou olhando assustada, mas não falou nada e ela nem se tocou também. Aí, bem depois que a mulher pagou e foi embora é que ela se deu conta do que tinha feito!
Eu não sei se depois disso o parente dela teve que fechar a lanchonete...rsrs... Mas essa é a Maria José.
Com 19 anos saí de Santana, quando retornei a primeira vez, se passavam 5 anos. Eis que me deparo com uma loja gigante na Avenida Santana, JUMBINHA. Pergunto à minha irmã o que se tratava e ela me conta, que aquelas duas meninas (para mim, por meus olhos, serão sempre meninas), Adelaide e Maria José haviam aberto a loja.
Claro que eu fiz questão de parar lá. Reencontrei Maria José, dei muitas risadas e abri um crédito na loja!! Rsrsr... 
Eu, morando em São Paulo, abri um crédito em Santana!! Essa Maria José não muda!
Eu torço pelo sucesso delas, como torceria por alguém de minha família, pois acompanhei o início incansável dessas duas batalhadoras.

Hoje quem as vê reinando no comércio Amapaense, sentadas numa loja com ar condicionado, não imagina o sol que já tomaram, o calor que passaram e a poeira que comeram levando beleza e alegria para jovens, que como eu, tinham tão pouco a retribuir.

Não amigos, elas não tem sorte! Definitivamente elas são fruto da luta dura de duas mulheres guerreiras que vieram do interior e nunca se curvaram pras dificuldades. E o lugar que elas ocupam hoje foi construído tijolo a tijolo a custa de muito esforço!
Menos o lugar no meu coração, pois este foi facinho de ganharem!

Adelaide e Maria José, minhas meninas queridas, meu carinho é para vocês!


Lindas, lutadoras e vencedoras, vistas pelos meus olhos, no Espelho de Mim!

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