quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A Fábrica de Roupas de Bonecas

E hoje temos mais uma historinha de nossa heroína mirim Gigi.

Como já contei aqui, Gigi em sua infância não tinha bonecas. Mas um dia ganhou de um de seus irmãos uma bonequinha de papel que vendia na banca de revista e junto com ela vinha uma cartela com roupinhas para recortar e fixar na boneca.

Gigi pegou a tesoura de sua mãe (aquela que a mãe morria de ciúmes), cortou as roupinhas e montou a boneca. Brincou durante muito, muito tempo, até a boneca se desfazer do suor e do excesso de manuseio, mesmo estando toda remendada com durex, não resistiu ao tempo.

Gigi ficou tristinha, mas teve uma de suas ideias mirabolantes! Sua mãe tinha um daqueles catálogos da Hermes (alguém lembra disso?), porque revistas era algo raro, tanto na época quanto na casa dela.

Então ela pegou um catálogo, colou uma página em um papel mais grosso e cortou uma das modelos para ser sua boneca. Com a boneca em mãos, ela colocou em cima de uma folha branca, tirou o molde do corpo da boneca e começou a desenhar roupas para a boneca. Ela pintava com o lápis de cor, deixava um pedaço de papel para fazer o encaixe na boneca e recortava a roupa. Estava feita a brincadeira!

Ocorre que se a modelo estava com um vestido, ela só poderia fazer novos vestidos para encaixar em cima, pois qualquer outra roupa ficaria aparecendo. Na época de Gigi, não eram comuns fotos de mulheres de roupas mais curtas ou de biquínis ou maiôs, o que permitiria a ela uma enorme criação de roupas para suas bonecas.

Como as modelos sempre estavam de vestido longo ou de calça comprida, isso limitava a sua mini fábrica de roupas de papel para bonecas, mas a vida seguia e a fábrica ia a todo vapor!

O irmão mais velho de Gigi (aquele que era fã do Botafogo) já trabalhava e por ter renda, tinha coisas que nenhum dos outros irmãos tinha, como balas e chicletes, que ele escondia no meio de suas roupas e achava que ninguém sabia, mas até Gigi que era a mais bestinha já descobrira onde ficava!!

Um dia, procurando essas balas, ela fez uma descoberta que mudaria sua vida e revolucionaria para sempre sua Fábrica de Roupas de Bonecas! Eis que no meio das roupas de seu irmão, escondida junto com as balas e os chicletes, bem no fundinho da gaveta, a pequena e curiosa e bisbilhoteira e empreendedora e mega empresária Gigi encontra uma revista. 

O nome da revista: Playboy! 

Gigi, curiosa que só ela, abre a revista! E o sorriso não cabe no seu rosto!!!

UMA BONECA SEM VESTIDO, SEM BLUSA, SEM CALÇA E SEM SAPATO!! 
Gigi poderia fazer para ela QUALQUER PEÇA DE ROUPA que ficaria bem!! 
Não ninguém é capaz de imaginar a felicidade que aquela pequena criança ficou, ninguém é capaz de imaginar!!!

Gigi escolheu três bonecas, arrancou as páginas, guardou a revista e nem lembrou de pegar os chicletes. Sua felicidade era tanta que ela precisava montar logo suas bonecas novas. Alguma coisa dentro dela dizia que não podia deixar suas bonecas expostas, então ela sempre as deixava bem guardadinhas depois de brincar.

Nossa, quantas roupas ela desenhou a partir daquele momento! Na época passava uma novela sobre moda e cada novo desfile Gigi copiava os modelos e fazia as roupas para suas três “filhas”.

Quanta ingenuidade existe nas crianças... E quanta criatividade também!

Se essa história fosse real eu diria que essa Gigi continuou desenhando roupas, mas a boneca agora era ela mesma e uma costureira muita fera chamada Dona Dolores, mãe de um Ex Vereador Professor Aluízio passou a costurar os sonhos de Gigi e os transformou em roupas durante o tempo em que ela viveu em Santana/AP.

E que se essa Gigi fosse adulta, hoje, eu diria que continua desenhando e que já teria comprado uma máquina de costura, pra costurar suas ideias, bordar sua meninice, ziguezaguear sua alegria e arrematar com esperança.

Em memória de Dona Dolores, talentosa, paciente, generosa e que me permitiu vestir-me de flores e cores em um mundo cinza. 
Gratidão

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