E hoje temos mais uma historinha de nossa heroína mirim
Gigi.
Como já contei aqui, Gigi em sua infância não tinha bonecas.
Mas um dia ganhou de um de seus irmãos uma bonequinha de papel que vendia na
banca de revista e junto com ela vinha uma cartela com roupinhas para recortar
e fixar na boneca.
Gigi pegou a tesoura de sua mãe (aquela que a mãe morria de
ciúmes), cortou as roupinhas e montou a boneca. Brincou durante muito, muito
tempo, até a boneca se desfazer do suor e do excesso de manuseio, mesmo estando
toda remendada com durex, não resistiu ao tempo.
Gigi ficou tristinha, mas teve uma de suas ideias
mirabolantes! Sua mãe tinha um daqueles catálogos da Hermes (alguém lembra
disso?), porque revistas era algo raro, tanto na época quanto na casa dela.
Então ela pegou um catálogo, colou uma página em um papel
mais grosso e cortou uma das modelos para ser sua boneca. Com a boneca em mãos,
ela colocou em cima de uma folha branca, tirou o molde do corpo da boneca e começou
a desenhar roupas para a boneca. Ela pintava com o lápis de cor, deixava um
pedaço de papel para fazer o encaixe na boneca e recortava a roupa. Estava
feita a brincadeira!
Ocorre que se a modelo estava com um vestido, ela só poderia
fazer novos vestidos para encaixar em cima, pois qualquer outra roupa ficaria
aparecendo. Na época de Gigi, não eram comuns fotos de mulheres de roupas mais
curtas ou de biquínis ou maiôs, o que permitiria a ela uma enorme criação de
roupas para suas bonecas.
Como as modelos sempre estavam de vestido longo ou de calça
comprida, isso limitava a sua mini fábrica de roupas de papel para bonecas, mas
a vida seguia e a fábrica ia a todo vapor!
O irmão mais velho de Gigi (aquele que era fã do Botafogo)
já trabalhava e por ter renda, tinha coisas que nenhum dos outros irmãos tinha,
como balas e chicletes, que ele escondia no meio de suas roupas e achava que
ninguém sabia, mas até Gigi que era a mais bestinha já descobrira onde ficava!!
Um dia, procurando essas balas, ela fez uma descoberta que mudaria
sua vida e revolucionaria para sempre sua Fábrica de Roupas de Bonecas! Eis que
no meio das roupas de seu irmão, escondida junto com as balas e os chicletes,
bem no fundinho da gaveta, a pequena e curiosa e bisbilhoteira e empreendedora
e mega empresária Gigi encontra uma revista.
O nome da revista: Playboy!
Gigi,
curiosa que só ela, abre a revista! E o sorriso não cabe no seu rosto!!!
UMA
BONECA SEM VESTIDO, SEM BLUSA, SEM CALÇA E SEM SAPATO!!
Gigi poderia fazer para
ela QUALQUER PEÇA DE ROUPA que ficaria bem!!
Não ninguém é capaz de imaginar a
felicidade que aquela pequena criança ficou, ninguém é capaz de imaginar!!!
Gigi escolheu três bonecas, arrancou as páginas, guardou a
revista e nem lembrou de pegar os chicletes. Sua felicidade era tanta que ela
precisava montar logo suas bonecas novas. Alguma coisa dentro dela dizia que
não podia deixar suas bonecas expostas, então ela sempre as deixava bem
guardadinhas depois de brincar.
Nossa, quantas roupas ela desenhou a partir daquele momento!
Na época passava uma novela sobre moda e cada novo desfile Gigi copiava os
modelos e fazia as roupas para suas três “filhas”.
Quanta ingenuidade existe nas crianças... E quanta
criatividade também!
Se essa história fosse real eu diria que essa Gigi continuou
desenhando roupas, mas a boneca agora era ela mesma e uma costureira muita fera
chamada Dona Dolores, mãe de um Ex Vereador Professor Aluízio passou a costurar
os sonhos de Gigi e os transformou em roupas durante o tempo em que ela viveu
em Santana/AP.
E que se essa Gigi fosse adulta, hoje, eu diria que continua
desenhando e que já teria comprado uma máquina de costura, pra costurar suas ideias,
bordar sua meninice, ziguezaguear sua alegria e arrematar com esperança.
Em memória de Dona Dolores, talentosa, paciente, generosa e
que me permitiu vestir-me de flores e cores em um mundo cinza.
Gratidão
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